Não há volta a dar, quando se fala de Heavy Metal, todos os caminhos vão dar a… António Freitas !
Prosseguimos em
ALTA TENSÃO com a segunda parte da nossa eletrizante conversa com este fenómeno
da comunicação metaleira.
ROCK ON, BROTHERS !!!!
Será
que em Portugal as pessoas ainda estão
intrigadas com o Heavy Metal ? A televisão
continua bastante assustada. A que se deve , por exemplo, o total desprezo
em relação ao festival Vagos
Open Air ?
Os tempos mudaram
e basta olhar para os nossos filhos para constatar que eles já estão à vontade com a noção do Heavy
Metal. A televisão está um pouco
afastada devido aos custos de
produção. Eles dizem logo: “ isto não tem audiência, a malta agora vê
tudo na internet e já não faz
sentido fazer programas de televisão”. Eu acho que não é assim que
funciona porque há muita gente que ainda vê televisão e é por aí que se educa
muita gente. Aliás muita gente me diz que aprendeu através dos meus programas de televisão e rádio.
Em relação a Vagos, a questão é que o festival ainda não atrai
suficiente quantidade de pessoas para merecer uma cobertura pelos principais canais de televisão. Isso acabará
por mudar quando aparecerem mais bandas como os Within Temptation que são capazes de atraír esse tipo de atenção
.
Falaste no Vagos
Open Air mas tens o Barroselas que já existe há imensos anos, tens o Moita Metal Fest , o Hard Metal Fest em Mangualde
que também já existe há uma data de tempo, ou seja, tens pequenos fenómenos desse género. Mas, às tantas, não se justifica em termos editoriais a deslocação de uma equipa de televisão.
Isto hoje em dia funciona exatamente assim e é por isso que
tens os canais de televisão a
utilizarem imagens do youtube porque já não têm dinheiro para ir aos locais e
fazer as entrevistas .
Já deves ter assistido a milhares de concertos. Consegues
enumerar os que mais te marcaram ?
Tanta coisa, tanta emoção ! Ver a minha banda preferida , os Black Sabbath, na reunião com o Ozzy Osbourne em Birmingham. Metallica
no Snake Pit em Alvalade, ter a
oportunidade de os ver num clube para
300 pessoas na Alemanha. Caramba ! Ter
estado no estúdio dos Metallica no quartel
general
deles nos Estados Unidos… isto já
não é um espetáculo , mas pronto. Ver o Ozzy ao vivo na República Checa, ir no mesmo autocarro que eles com o Geezer Butler
à
minha frente agarrado a um rádio transistor para ouvir um relato de futebol da equipa dele… man, bolas !
Nos Black Sabbath , chorei de emoção porque estava a ver a minha banda
favorita que eu nunca julguei ver ao vivo .
Assistir ao ensaio dos AC/DC para o Black Ice na Pensilvânia para 1000 fãs. É pá, são
cenas brutais ! Marilyn Manson no início de carreira em Londres… estar ali, junto à grade a tirar fotografias e o gajo a
levar com as escarretas todas do público,
porque ele pedia ao pessoal para lhe
cuspirem para cima. Man, há tanta tanta cena que eu às vezes até me
passo ao relembrar certos episódios marados.
Slayer a tocarem em Milwaukee numa sala que levava 2000
pessoas no máximo. Biohazard com o Bobby
Hambel que era absolutamente incrível, não parava em
palco. Ramones , foi o meu primeiro
espetáculo em Cascais, em 1983, se não
estou em erro . Os Rainbow com o Ritchie Blackmore e o Cozy Powell a tocar bateria, um músico absolutamente
fabuloso .
Estou convencido que tens na ponta da língua os 5 álbuns
que ocupam um lugar de destaque na tua coleção.
Impossível … são muitos anos! Quando me perguntam que álbuns é que eu levaria
para uma ilha eu fico logo… Antigamente
pensava , “como vou levar os meus 40.000
discos para a ilha ?”, agora já
consegues colocar isso num disco rígido. Mas, assim, obras incontornáveis ? Eventualmente o Master Of Reality dos Black
Sabbath,
Ride The Lightning , dos Metallica . Frank Zappa, Shake Yerbouti,
que é um álbum que me partiu a cabeça
porque me obrigou a aprender a falar inglês para perceber as maluquices que lá
estavam. Tanta coisa !
Pink Floyd é essencial , Doors, Fear
Factory, White Zombie, System Of A Down, Thin Lizzy, Blue Oyster Cult . Há tanta cena
emocionante que eu não consigo dizer só
5. Desculpa !
Já falaste com
grandes estrelas do Metal. Todos sabemos
que entrevistaste aquele que será um dos
maiores ícones da história do Heavy Metal. Como é que correu esse
encontro com o lendário OZZY OSBOURNE ?
Eu falei com ele três vezes e foram todas, assim, algo maradas. A primeira foi em Madrid, ele andava a anunciar
que tinha deixado de beber, o gajo
estava à minha frente a… desfazer-se! Mas o Ozzy é uma daquelas personagens
marcantes.
Mas, conversas, conversas, tenho com o Danko Jones, um puto canadiano que faz álbuns
absolutamente incríveis. Tive uma grande conexão com ele a falar de música… é desabafar, percebes ? Porque eu sou daquele tipo de pessoas que só
fala de música. Eu não falo de futebol porque não tenho pachorra , carros,
gajas… eu falo é de música ! Já estás a perceber, estou a dar-te aqui um
bocado de seca porque eu raramente tenho a oportunidade de falar com as pessoas sobre música.
Com o Danko Jones tive essa
ligação. É pá, mas Marilyn Manson foi também outra pessoa
absolutamente incrível que eu segui desde o início.
Os Metallica… o Hetfield
é muito boa onda, é o gajo mais tímido e reservado da banda. O extrovertido é o Lars Ulrich, é aquele bonacheirão que começa a falar e nunca mais
acaba .O Kirk Hammett é também algo tímido e nos momentos mais
tensos está ali para acalmar o pessoal.
O Jason Newsted é um porreiraço de primeira água.
Deve
existir um António Freitas para lá do
metal. Deves gostar de ler.
Nunca li jornais e
livros é basicamente biografias de artistas. Tive o prazer traduzir a história
dos AC/DC que vai ser publicada brevemente. Li também a biografia do Sting, do gajo dos Red Hot Chili Peppers e estou a preparar-me para ler a do Dave Mustaine
. Mais, biografia do Ozzy, Tony Iommi , Lemmy…
livros é por aí.
Cinema ?
Vejo muito cinema,
a minha obra de referência será,
eventualmente, a Laranja Mecânica do Kubrik e o Alien
do senhor Ridley Scott. Há uma data de outro filmes que também gosto mas foram estas obras que me deixaram
completamente de rastos .
A
minha filha adorava saber a tua opinião sobre estas duas bandas :
É uma banda que está bem conseguida mas confesso que
esperava que eles fossem por outro tipo de tendência, por assim dizer. O último álbum deixou-me algo desiludido porque
estava muito rip-off … cenas gamadas aos Machine Head . Acho que eles não tinham necessidade de fazer
isso , pura e simplesmente. São uns putos com cabeça e gostava imenso que eles
fizessem algo de mais pessoal .
É aquela onda da nova geração que eu acho que é muito
igual a tantas outras. Curiosamente, o
meu filhote mais velho anda a ouvir
precisamente esse género de bandas…
Perdemos a mão neles… eles agora é que sabem ?
Não, de forma alguma, é por essas bandas que eles vão acabar por ir
bater ao sítio onde tudo começa .
Para finalizar, consegues identificar na cena metaleira nacional alguma banda com potencial para seguir as pisadas dos consagrados
Moonspell ?
Dificilmente…
digamos que Portugal está muito deslocado da base e torna-se complicado as bandas portuguesas
saírem do seu berço. Os Moonspell conseguiram porque foi na altura certa. Se te lembrares tinhas os Ramp e os Tarântula
que ainda gravaram algumas coisas a nível internacional mas depois as coisas
não correram muito bem . Os Moonspell serão ,eventualmente, o único caso de
sucesso internacional. Faça-se a exceção
para os More Than a Thousand que estão a
fazer carreira além-fronteiras. Tens que falar nesta banda à tua filha porque estão
dentro daquela onda , Emo e Metalcore.
Moonspell
MORE THAN A THOUSAND