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LZZY HALE : RIDER OF THE STORM

ENTRADA
LZZY HALE ( Halestorm )
Quando dava os primeiros passos nestas andanças, o grande feiticeiro  Ronnie James Dio  foi a sua principal fonte de inspiração. Está mais que visto: com uma referência deste calibre, esta garota da Pensilvânia só podia dar gente!
 Lzzy Hale já leva uns bons anitos de carreira no lombo. Aos 13 anos fundou  com o irmão os Halestorm e,  a partir desse momento,  estes viajantes  da tempestade,  provocaram tamanha  ventania  que as portas  foram-se  escancarando de par em par  rumo ao estrelato.  Não  sei se conseguiram identificar  na passagem anterior  uma  oportuna associação do nome da banda com o  tema Riders On The Storm , dos Doors.
Tempestade, portas,  viajantes … hello
Brilhante… qualquer dia escrevo um livro.  Só tenho que aprender a colocar as vírgulas e os pontos de exclamação nos sítios certos.
Onde é que eu ía? Ah… já sei! Hoje em dia o mundo da música foi tomado de assalto pelos loops, samples, mixes e outras  heresias  musicais. Não tenho nada contra isso,  mas o  engraçado disto tudo é que os Halestorm nunca precisaram de grandes efeitos especiais   para atingirem os seus objetivos.  Esta é a magia do Heavy Metal: podemos ter   maquinaria  mas também podemos não ter. Tudo é possível, desde que o resultado final  seja equilibrado e cumpra os requisitos essenciais da sonoridade.
A receita dos Halestorm não podia ser mais simples:  Hard n' Heavy  em estado sólido,  batida forte e riffs a rasgar. Tudo isto conjugado com  a poderosa  e bluesy  voz de Lzzy Hale  garantiram aos Halestorm,  milhões de ábuns vendidos, concertos esgotados em todo o mundo e um Emmy da melhor Hard Rock/Metal Performance.
Apesar desta longa caminhada de sucesso, Lzzy Hale não esqueceu  o seu mentor e em  2014, na passagem do quinto ano da sua morte,  os Halestorm lançaram um cover do mítico tema Straight Through The Heart.  Homenagem mais que justa!
Resumindo e concluindo: Lzzy Hale merece ou não esta entrada no top 10?
 Ah!… estava a ver que não!


BREAKING BENJAMIN – DARK BEFORE DAWN

Eu ando atrás de tudo mas às vezes esqueço-me do mais importante.  Hoje apetece-me fazer uma pausa no Top-10 das senhoras.  Elas também precisam de alguma paz e sossego.
Digo-vos com humildade : isto é um falhanço de primeira.  Eu sabia que os Breaking Benjamin existiam e até  já andei por aqui às voltas com as  melhores bandas da área do Post-Grunge.  Só não sei como  deixei escapar estes tipos .
Estou desiludido . Pensava que descobria tudo à primeira e acabei estarrecido perante este magnífico,  Dark Before Dawn.
Fui para trás e descobri que  esta gente já anda por aqui desde os primórdios da humanidade.  
Se calhar vou ter que me dedicar a outras atividades menos exigentes.
Já sei !   Amanhã vou comprar uma cana de pesca…

NYA CRUZ : GARRA LUSITANA!


ENTRADA
NYA CRUZ ( Kandia )

Esta  novidade  na minha rigorosa galeria das melhores vozes femininas enche-me de orgulho. Nada de especial, apenas estou orgulhoso porque  tenho aqui um dedinho que nunca falha. Eu sabia que, mais tarde ou mais cedo , a Nya Cruz  iria  dar que falar.  Já aqui falei da surpresa que foi  a  fabulosa atuação dos Kandia na primeira parte dos  Within Temptation no Coliseu do Porto em 2011. Na altura , tive a sorte  de trocar algumas impressões com a Nya e fiquei de queixo caído: simpática, humilde e com  uma ambição destemida . Uma verdadeira lutadora lusitana.  Voltei a encontrá-la no Vagos Open Air 2014 onde,  mais uma vez, demonstrou toda a sua garra e versatilidade vocal. Não  foi por acaso que os Kandia venceram o prestigiado prémio internacional,  Global Rockstar
All Is Gone foi muito bom, mas…  nós queremos mais!  Força, c….-lho! Até os comemos! Peço desculpa… agora estraguei-me todo.  É muito entusiasmo! Acho que mereço um certo desconto nesta minha  euforia... caramba, estamos a falar  de uma fabulosa banda portuguesa… com certeza!

TAYLOR MOMSEN: COM O DIABO NO CORPO!




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TAYLOR MOMSEN ( The Pretty Reckless )
Taylor Momsen nasceu para ser uma estrela e desde muito cedo começou a mostrar serviço. Aos dois  anos já  entrava em anúncios publicitários, compôs a sua primeira música aos cinco (dedicada ao seu cão )  e começou a sua carreira de atriz aos seis .
Nunca embarcou nas carneiradas típicas dos adolescentes.Enquanto os amigos se derretiam com os Backstreet Boys, esta menina ouvia Led Zeppelin  e vestia t-shirts dos Motorhead.  O bichinho já  andava ali a espreitar.
Por incrível que pareça, foi uma das três finalistas para desempenhar  o papel de Hannah Montana  mas, felizmente, os ventos sopraram a favor e  foi a escanzelada Miley Cyrus a levar a taça. Aleluia! 
O primeiro grande salto deu-se no cinema  pelas mãos do realizador Gus Van Sant, no filme  Paranoid Park, mas  as verdadeiras luzes da ribalta surgiram  com a série televisiva  Gossip Girl  que a transformou numa celebridade adolescente.
Depois aconteceu algo de sobrenatural que mudou por completo o rumo dos acontecimentos: White Stripes ao vivo! 
Este concerto despertou o tal bichinho que andava ali à espera da grande oportunidade.
 Não tem nada que saber: mandou tudo pelos ares e formou a banda, The Pretty Reckless . Maldita seja:  ela canta que se farta, ela compõe, ela toca guitarra, ela goza com a nossa cara e  faz corar  os bons chefes de família.
F...-se,  este animal artístico  faz questão de incinerar tudo o que se atravessa no seu caminho.
Quem diria? Ninguém estava à espera que aquela aparente  mosca-morta que um dia  quis (?) ser uma estrela da Disney  se transformasse  numa das novas sensações da vertente feminina do Heavy Metal.  
Dizem que o futuro a deus pertence, mas eu não tenho a mais pequena dúvida que esta Hot Chick  do Heavy Metal,  está irremediavelmente condenada ao…  fogo  do  INFERNO!!!!!

ELIZE RYD – A BELA E OS MONSTROS

ENTRADA

ELIZE RYD (Amaranthe)
Aquela  colaboração com os Kamelot , principalmente no espantoso  videoclip  do tema Sacrimony , provocou algumas ondas de choque nos meus desgastados neurónios. Quem seria a personagem  ?  As intensas   pesquisas levaram-me direitinho ao  encontro  de  uma banda fabulosa que inventou uma   fórmula que  jamais passaria pela cabeça do génio Einstein :   Metal + POP = LOUCURA !!!!!!  Para início de conversa,   os  Amaranthe, além de ultrapassarem a velocidade da luz em termos instrumentais,   têm 3 vocalistas :  dois homens e uma mulher.  Nada habitual, diga-se de passagem,  mas esta  combinação acaba por ser um verdadeiro ménage à trois vocal…  que até arrepia.
 Lembram-se da minha intervenção sobre Maria Demurtas dos Tristania ?  Aqui ninguém “abafa” ninguém .  Todos sabem ocupar o seu lugar e todos  brilham à grande e à sueca !  A doce e delicada voz de Elize Ryd  contrasta de forma magistral com os registos mais “violentos”  dos seus  companheiros  Henrik Englund e Jake E.
 Digamos que os Amaranthe são uma espécie de :   A Bela e os Monstros !
 Só tenho pena que o grande Einstein não esteja cá para assistir a estas novas  descobertas científicas…

FLOOR JANSEN – FLORZINHA DE ESTUFA

PROMESSA ADIADA

Floor Jansen ( Nightwish )
O pessoal ficou indignado com a ausência desta portentosa holandesa na primeira edição do famoso , TOP 10-Vozes Femininas-Heavy Metal. Até eu fiquei  agastado.  Foi, sem dúvida,  um dos nomes mais falados para  ingressar  nesta segunda versão.
 Confesso que  fui  tentado a ceder às pressões e  estive na queima para recrutar a ex-frontwoman  dos After Forever. Desgraçadamente,  e com muita pena minha, aquele casamento  com os  Nightwish  resultou  num estrondoso fracasso.  Digamos que foi a morte da artista !
Resta  saber se foi  Floor Jansen que acusou o peso da responsabilidade,  ou se foram os Nightwish que não souberam    explorar  as  suas enormes capacidades vocais.  Conclusão :  prometeu muito mas,  apesar dos seus 1.84 m de altura, acabamos por  ficar com uma…  floor(zinha) de estufa .  Azar…

PRINCESAS DO HEAVY METAL : ASCENSÕES E QUEDAS


Andava  eu aqui às voltas com a rubrica Senhoras Do Metal e acabei por me distrair  à força toda.
Como o tempo passa ! Muita água passou debaixo da ponte desde o  super aplaudido  TOP 10-Vozes Femininas-Heavy Metal.  A enorme  enxurrada  de comentários no  canal do Youtube  obrigou-me a meter mãos à obra para “fabricar”   uma 2ª. edição desta  requintada  amostragem  feminina.
Todos sabemos que em equipa que ganha não se mexe, no entanto, como o tempo não perdoa,  é perfeitamente normal que existam  alguns ajustamentos a considerar.
 Isto é quase como no futebol :  há sempre entradas, saídas , promessas  confirmadas e adiadas.
Para quem  só agora entrou em  contacto com este fabuloso blogue e não está a par dos assuntos cruciais aqui abordados, nada como relembrar a primeira edição.

Cá está ela em todo o seu esplendor :
Não é que eu queira fazer render o peixe mas,  por agora,  vamos ficar com as saídas porque já estou aqui  a bocejar por todos os lados. Voltarei mais tarde com as promessas , subidas, descidas e entradas.  Parece fácil mas isto  dá uma trabalheira dos diabos…

SAÍDAS
Amy Lee (Evanescence)
 Uma das mais elogiadas da edição anterior mas ainda estou para saber  o que se passou com aquela cabeça .  A verdade é que a  antiga(?) superstar dos Evanescence  resolveu inventar e meteu-se num beco sem saída.  Colocou os Evanescence a marinar, deu largas à imaginação e… espatifou-se por completo.  Por favor, o  álbum a solo,  Aftermath ,  é uma verdadeira aberração da natureza . Onde é que ela foi desencantar  aquilo ?  Desilusão total.  

Anette Olzon (ex-Nightwish)

Teve a difícil tarefa de substituír a deusa Tarja Turunen nos Nightwish e, verdade seja dita,  até nem se portou muito mal.  Quando  tudo parecia um mar de rosas,   as coisas azedaram  a sério  e deram  para o torto de forma  dramática.  Após uma  escaldante  fase de  lavagem de roupa suja,  Anette acabou por ser demitida da banda.
Esperava-se uma vingança servida a frio, mas  o  álbum   Shine  deitou por terra todas essas esperanças.

  Liv Kristine (Leaves Eyes)

Eu até gostava daquela voz angélica que parecia um sussurro para os nossos ouvidinhos. E temos de admitir que Liv Kristine  não deixa de ser, igualmente,  um regalo para as nossas vistinhas.
Vocês podem  não acreditar,  mas  aquela vozinha  serena acabou por me cansar.  Agora , parece-me sempre mais do mesmo. Falta ali um pouco de versatilidade.

Charlotte Wessels (Delain)

 Apesar das vozes serem completamente distintas este é um caso muito parecido com o anterior.  Se  tiverem um bocadinho de paciência para me aturar  eu vou copiar quase na íntegra o que já disse em relação a Liv Kristine.
 Eu até gostava daquela voz  suave que parecia a Shania Twain do Metal.  E temos de admitir que , em termos visuais,  a Charlotte faz com que a Shania  pareça  uma velhinha  desdentada   e carregada de osteoporose.
Vocês poderão não acreditar:   não é que aquela voz acabou por me cansar ? Agora parece-me mesmo a verdadeira Shania Twain “desdentada”  do Country-Pop.  Falta ali um pouco de sal e, quiçá, alguma  pimenta.

Ailyn  (Sirenia)


The Path To Decay  foi o tema que me despertou a atenção.  Parecia talhada para altos voos mas, não sei se foi das correntes de ar, aquela voz ficou um tanto ou quanto  esganiçada para meu gosto. Para ajudar à festa, os  trabalhos seguintes  da banda revelaram alguma estagnação  em termos de criatividade e inovação.  Temos pena…

Mary Demurtas ( Tristania )
A voz  é  de categoria e basta ouvirmos o tema  Exile para ficarmos extasiados. No entanto, admito  que talvez nem tenha sido  só pelos  dotes vocais  que “chamei”   esta   italiana para ocupar o 10º. lugar da primeira edição.  Se  derem   uma atenta  vista de olhos  à imagem   entenderão  facilmente   o meu entusiasmo.  Acabei por bater contra um poste ! Ocupou o lugar de  Vibeke Stene nos Tristania, tremeu um pouco , ganhou confiança  e,  quando se preparava para dar a estocada final,  os seus companheiros  resolveram  dar nas vistas.  Literalmente, tiraram-lhe o pio.  Com amigos destes… não há voz que resista.  Enfim, no final das contas, Mary Demurtas  não conseguiu a proeza de juntar o útil ao agradável.
Não sei se me fiz  entender...

O  pessoal  já entrou em estado de choque a tentar  descobrir  quem serão  as novas princesas que vieram ocupar estes ilustres  lugares .   Agora a  sério :  o país já tem problemas que chegue e  eu não quero provocar tumultos. Aconselho um pouco de calma e paciência.
 Aguentem  serenamente os cavalos  porque eu já sou velhinho e  não consigo fazer tudo à primeira.
Há que dar tempo ao tempo, eu posso  demorar,  mas nunca falho !

CONTINUA…




SENHORAS DO METAL : IN THIS MOMENT - MARIA BRINK

É caso para dizer :  onde é que  eu andava com a  cabeça?
Hoje vou dedicar o meu precioso tempo a  uma banda que  me deu um certo trabalho a… encaixar.
Em tempos passei pelo tema  The Promise e deixei a coisa andar. Achei aquilo um pouco descabido. Uma mulher com vozes guturais ?  Não combina. Não fica bem.
Foi preciso uma provocação de um “amigo”   do Youtube para me tirar do sério.
Não dei parte de fraco e a minha resposta foi rápida e certeira : “Maria Brink não passa de uma espécie de fusão algo desajeitada  entre Lady Gaga e Marilyn Manson”.
Como podia alguém ter a distinta lata de pôr em causa as geniais análises deste conceituado  crítico musical ? 
Ainda assim, como sou uma jóia de pessoa e  num gesto de grande humildade, resolvi ir atrás do prejuízo em busca de algum pormenor que tivesse escapado ao meu rigoroso radar artístico.
No final desse processo , cheguei a uma conclusão algo estrambólica: primeiro foge-se a sete pés, depois agarra-se com unhas e dentes!
 Efetivamente, à primeira vista, tudo parece forjado e  sem alma. Tudo parece feito  para  provocar e escandalizar de forma a atraír os holofotes. Tal como Lady Gaga e Marilyn Manson.
Nada disso…  Maria Brink é um ser especial que nasceu  para fazer  algo de grandioso   e genuíno… NO MATTER WHAT! 
 Aos  18 anos, com um filho nos braços, já trabalhava numa lavandaria para pagar o aluguer do seu apartamento.   Insatisfeita com o desenrolar dos acontecimentos, partiu  da sua pequena cidade de Albany  em direção à  terra prometida, Los Angeles . Trabalhou em lojas de roupa , bares e em tudo o que lhe aparecia pela frente. O objetivo era  sobreviver e não perder de vista uma das suas grandes metas: encontrar alguém que entendesse as suas ambições, o seu percurso  e a sua extraordinária voz.  Quando as coisas estavam  feias e prestes a desmoronar  foi  tatuando no corpo  mensagens de motivação : “We Will Overcome” e  “Believe”.
Isto não é marketing, isto é…  ACREDITAR!
Aconteceu! O momento da verdade surgiu em 2005 com a formação dos In This Moment.
Agora, Maria Brink , já podia transportar para as suas músicas todo  aquele turbilhão de emoções   que foi acumulando ao longo do tempo.  Agora já  nos podia falar sobre o abandono  do seu pai em Daddy’s Falling ou sobre  a morte do seu melhor amigo em,  Legacy Of Odio
Agora,  já podia… explodir!!!! 
O que os In This Moment fazem é metal puro e duro.  Sobre essa base   são acrescentados samplers  electrónicos ,  criando uma parafernália de sonoridades  que  deixa o pessoal meio atordoado.  Ou se gosta ou se odeia!
A toada tanto é violenta e imprópria para cardíacos como de repente vira para tons mais serenos e experimentais.  É precisamente aqui que entra a galáctica voz de Maria Brink as partes guturais e limpas encaixam que nem uma luva nessas fulminantes alterações rítmicas.
As pinturas, o aparato cénico e a intensa carga erótica completam este imenso caldeirão fumegante que, afinal, não é mais nem menos que o reflexo da personalidade irrequieta e exuberante desta “beldade assassina” que dá pelo nome de Maria Brink.
Quanto ao nosso amigo do Youtube, acabei por sair de fininho com a envergonhada justificação : “ Pronto… ok… tudo bem… a tipa até é desenrascada.”


ENTREVISTA - ANTÓNIO FREITAS ( 2ª. Parte )


Não há volta a dar, quando se fala de Heavy Metal,  todos os caminhos vão dar a… António Freitas !
Prosseguimos  em ALTA TENSÃO com a segunda parte da nossa eletrizante conversa com este fenómeno da comunicação metaleira.
ROCK ON, BROTHERS !!!! 

Será que em Portugal as pessoas ainda  estão intrigadas com o Heavy Metal ? A televisão  continua  bastante assustada. A  que se deve , por exemplo, o  total desprezo  em relação ao  festival  Vagos Open Air ?

Os tempos  mudaram e basta olhar para os nossos filhos para constatar que eles  já estão à vontade com a noção do Heavy Metal.  A televisão está um pouco afastada  devido aos custos de produção.  Eles dizem logo:  “ isto não tem audiência, a malta agora vê tudo na internet e  já não faz sentido  fazer programas  de televisão”. Eu acho que não é assim que funciona porque há muita gente que ainda vê televisão e é por aí que se educa muita gente. Aliás muita gente me diz que aprendeu  através dos meus programas  de televisão e  rádio.
Em relação a Vagos,  a  questão é que o festival ainda não atrai suficiente quantidade de pessoas para merecer uma cobertura pelos   principais canais de televisão. Isso acabará por mudar quando aparecerem mais bandas como os Within Temptation  que são capazes de atraír esse tipo de atenção .

Falaste no Vagos Open Air  mas tens o Barroselas que já existe há  imensos anos,  tens  o Moita Metal  Fest , o Hard Metal  Fest em Mangualde que também já existe há uma data de tempo, ou seja,   tens pequenos  fenómenos desse género. Mas,  às tantas,   não se  justifica em termos editoriais  a deslocação de uma equipa de televisão.
Isto hoje em dia funciona exatamente assim e  é por isso que  tens os canais de televisão  a utilizarem imagens do youtube porque já não têm dinheiro para ir aos locais e fazer as entrevistas . 


Já deves ter assistido a milhares de concertos. Consegues enumerar os que mais te marcaram ? 

Tanta coisa, tanta emoção ! Ver  a minha banda preferida , os Black Sabbath,  na reunião com o Ozzy Osbourne em Birmingham. Metallica no Snake Pit  em Alvalade,   ter  a oportunidade de os ver  num clube para 300 pessoas na Alemanha.  Caramba ! Ter estado  no estúdio dos Metallica no quartel  general  deles nos Estados Unidos…  isto já não é um espetáculo , mas pronto. Ver o Ozzy ao vivo  na República  Checa,  ir no mesmo autocarro que eles com o Geezer Butler   à minha frente agarrado a um rádio transistor para ouvir um relato de futebol  da equipa dele…    man,  bolas !  Nos Black Sabbath , chorei de emoção porque estava a ver a minha banda favorita que eu nunca julguei ver ao vivo .
Assistir ao ensaio dos AC/DC para o Black Ice na Pensilvânia para 1000 fãs. É  pá,  são cenas brutais !  Marilyn Manson  no início de carreira em Londres… estar ali,  junto à grade a tirar fotografias e o gajo a levar com as  escarretas todas do público,  porque ele pedia ao pessoal para lhe cuspirem para cima.  Man,  há tanta tanta cena que eu às vezes até me passo ao relembrar certos episódios marados.
Slayer a tocarem em Milwaukee  numa sala que levava   2000 pessoas no máximo.   Biohazard com o Bobby  Hambel  que era absolutamente incrível, não parava em palco. Ramones ,  foi o meu primeiro espetáculo em Cascais, em 1983,  se não estou em erro . Os Rainbow com o Ritchie Blackmore  e o Cozy Powell  a tocar bateria, um músico absolutamente fabuloso .

Estou convencido que tens na ponta da língua os 5 álbuns que ocupam um lugar de destaque na tua coleção.

Impossível … são muitos anos!  Quando me perguntam que álbuns é que eu levaria   para uma ilha eu  fico logo…   Antigamente pensava , “como vou   levar os meus 40.000 discos para a ilha ?”,   agora já consegues colocar isso num disco rígido. Mas, assim,  obras  incontornáveis ?  Eventualmente o Master Of Reality  dos Black Sabbath, 
Ride The Lightning , dos Metallica . Frank Zappa,  Shake Yerbouti,  que é um álbum que me partiu a cabeça porque me obrigou a aprender a falar inglês para perceber as maluquices que lá estavam.  Tanta coisa !  Pink Floyd é essencial , Doors,  Fear Factory,   White Zombie,  System Of A Down, Thin Lizzy,  Blue Oyster Cult . Há tanta cena emocionante que eu não consigo dizer  só 5.  Desculpa !  





Já falaste com  grandes  estrelas do Metal.  Todos sabemos  que entrevistaste aquele que será um dos  maiores ícones da história do Heavy Metal. Como é que correu esse encontro  com o lendário OZZY OSBOURNE ?

Eu falei com ele três vezes  e foram todas, assim,  algo maradas.  A  primeira foi em Madrid, ele andava a anunciar que tinha deixado de beber,  o gajo estava à minha frente a…  desfazer-se!  Mas o Ozzy é uma daquelas personagens marcantes.
Mas,  conversas,  conversas,  tenho com o Danko Jones,   um puto canadiano que faz álbuns absolutamente incríveis. Tive uma grande  conexão com ele a falar de música…  é desabafar,  percebes ?  Porque eu sou daquele tipo de pessoas que só fala de música. Eu não falo de futebol porque não tenho pachorra , carros, gajas…   eu falo é de música  ! Já estás a perceber, estou a dar-te aqui um bocado de seca porque eu raramente tenho a oportunidade de   falar com as pessoas sobre  música.  Com o Danko Jones  tive essa ligação. É  pá,  mas Marilyn Manson foi também outra pessoa absolutamente incrível que eu segui desde o início.
 Os Metallica…  o Hetfield  é muito boa onda, é  o gajo mais tímido e  reservado da banda. O extrovertido  é o Lars Ulrich,  é aquele  bonacheirão que começa a falar e nunca mais acaba .O  Kirk Hammett  é também algo tímido e nos momentos mais tensos está ali para acalmar o pessoal.  O Jason Newsted é um porreiraço de primeira água.

Deve existir um António Freitas  para lá do metal.  Deves gostar de ler.

Nunca li jornais  e livros é basicamente biografias de artistas. Tive o prazer traduzir a história dos AC/DC   que vai ser publicada brevemente. Li também a biografia do Sting,   do gajo dos Red Hot Chili Peppers e   estou a preparar-me para ler a do Dave Mustaine . Mais, biografia do Ozzy, Tony Iommi , Lemmy…  livros é por aí. 

Cinema ?

Vejo  muito cinema,  a minha obra de referência será, eventualmente, a Laranja Mecânica do Kubrik  e o Alien do senhor Ridley Scott. Há uma data de outro filmes que também gosto  mas foram estas obras que me deixaram completamente de rastos .





A minha filha adorava saber a tua opinião sobre estas duas bandas : 



É uma banda que está bem conseguida mas confesso que esperava que eles fossem por outro tipo de tendência,  por assim dizer. O  último álbum deixou-me algo desiludido porque estava muito rip-off …  cenas gamadas aos Machine Head . Acho que eles não tinham necessidade de fazer isso , pura e simplesmente. São uns putos com cabeça e gostava imenso que eles fizessem algo de mais pessoal .



É aquela onda da nova geração que eu acho que é muito igual a tantas outras. Curiosamente,  o meu filhote mais velho  anda a ouvir precisamente esse género de bandas…



Perdemos a mão neles…  eles agora é que sabem ?

Não, de forma alguma,  é por essas bandas que eles vão acabar por ir bater ao sítio onde tudo começa .

Para finalizar, consegues identificar  na cena metaleira nacional  alguma banda com potencial  para seguir as pisadas dos consagrados Moonspell ?


Dificilmente…   digamos que Portugal está muito deslocado da base  e torna-se complicado as bandas portuguesas saírem do seu berço. Os Moonspell conseguiram porque foi na altura certa.  Se te lembrares tinhas os Ramp e os Tarântula que ainda gravaram algumas coisas a nível internacional mas depois as coisas não correram muito bem . Os Moonspell serão ,eventualmente, o único caso de sucesso internacional.  Faça-se a exceção para os More Than a Thousand  que estão a fazer carreira além-fronteiras. Tens que falar nesta banda à tua filha porque estão dentro daquela onda , Emo e Metalcore.

Moonspell
MORE THAN A THOUSAND





ENTREVISTA - ANTÓNIO FREITAS (1ª.Parte)

Não tenho a mais pequena dúvida que os metaleiros da minha geração foram manietados e desencaminhados pelo poder hipnótico destas duas monstruosas figuras da rádio  : António Sérgio e Luis Filipe Barros.
Numa época em que a internet não passava de uma miragem, os programas , Lança Chamas e Rock em Stock,   captaram a atenção dos putos  que  ansiavam  por novos estilos e sonoridades.
António Freitas , fazia parte dessa multidão mas,  o seu enorme  talento,  fez… maravilhas !
Os Deuses, António Sérgio e Luis Filipe Barros,  não estavam loucos quando “abençoaram” esse puto maravilha  que,  aos poucos , percorreu  o seu caminho  e  transformou-se   numa das vozes  mais influentes  do nosso meio  musical. 
Este blogue já passou por muitas fases,  teve altos e baixos  mas,  agora…   entrou mesmo em ALTA TENSÃO !

Diretamente da Antena 3… o MESTRE está aqui !

Na altura da tua infância  quais foram os fatores que  orientaram os teus gostos musicais no direção do Metal.  Alguma banda ou álbum   em especial ? Influências de  amigos ?  

O meu irmão contava-me histórias que,  em Luanda ,  quando eu era bebé, costumava adormecer-me a ouvir Led Zeppelin,  Creedence Clearwater Revival  e coisas assim do género.  Portanto, só por aí, tenho que agradecer ao meu irmão pelo excelente bom gosto.  Eram as cenas que ele  ouvia na altura em gravador de bobine.
Aos 10 anos virei-me efetivamente para a música. Era um fascínio total talvez derivado à  Generation  Gap  entre mim e a  minha mãe. Ela teve-me muito tarde e,  talvez por não me associar muito às ideologias dela,  cresci assim  um bocado à parte. Era um puto um bocado virado para o solitário.
Depois aconteceu o boom,  tinhas o Rock em Stock  e o Lança Chamas na Rádio Comercial. Terá sido mais por aí. Foi mesmo quase pela rádio.Depois , com o acompanhamento de amigos  lá da rua,  ouvia Sex Pistols,  Ramones e  Van Halen.  Os AC/DC  eram uma paixão absoluta. Eu já contei este episódio várias vezes : na altura eu ouvia  o Highway to Hell no Rock em Stock  e, quando ía para a escola,    passava pela loja da Valentim  de Carvalho :  numa semana,  estava lá o Powerage,  na semana a seguir,  o Dirty Deeds Done  Dirt Cheap  e eu só pensava :  “ quantos álbuns é que estes gajos têm ?”.   Ficava completamente perplexo porque na altura não havia grande informação. Tinhas a revista Musica & Som  e pouco mais. Depois apanhei com a New Wave Of British Heavy Metal,  Punk e  algumas bandas de New Wave.  Os Devo  continuam a ser  uma das minhas bandas favoritas e ainda hoje estive a ouvir. Mas a minha sonoridade favorita é mesmo o Metal. Depois comecei a  descobrir os Black Sabbath,  os Thin Lizzy,  os UFO,  eh pá …

Segundo reza a lenda,  o início da tua carreira foi algo de surreal… foste logo parar junto do  grande  António Sérgio. Como é que isso aconteceu ?

Tive a felicidade e a sorte…  e eu digo isto muitas vezes,  se não fosse essa pessoa eu não estaria vivo sequer , porque na minha adolescência, provavelmente,   teria seguido  por maus caminhos.  No meu prédio vivia o João David Nunes que era o diretor da Rádio Comercial.  A minha mãe cruzava-se muitas vezes com ele e, como também tinha filhos novos,  costumava perguntar : “ Então , D.Rosa , como é que está o Toni  nas aulas?”,   “Ai, Sr. David Nunes,  ele não gosta nada de estudar, eu não sei o que vai ser dele…  só gosta de música, diz que quer ser engenheiro de música e blá, blá, blá…”.  Aquelas lamentações todas próprias de uma mãe.   Por volta dos meus 17 anos , o  Sr. David Nunes disse à  D.Rosa   : “ Oiça, vamos fazer assim, o Toni  vai lá ter comigo à rádio para fazer um estágio, mas,  se ele não tiver jeito , vem como foi, não há nada, não se passa nada e acabou-se tudo,  ok ?”.  A minha mãe ficou felicíssima  e  eu ainda mais feliz  da vida,  porque ía trabalhar para a rádio dos programas que eu ouvia . Atenção, repara  que eu não percebia absolutamente nada de rádio , sabia carregar no botão, ouvia a música e ouvia as pessoas a falar sobre a música… ponto. Não tinha a mais pequena noção do que era a rádio,  do que era um assistente de realização…
Naquela  altura nem sequer imaginava que iria fazer um programa de rádio, Tú estares ali , com aqueles autênticos monstros  como o Carlos Cruz,  Herman , Luís Filipe Barros, José La Féria…  imagina o que é conviver com essas pessoas.  Ficava completamente de rastos !


Mas o António Sérgio terá sido a pessoa que mais te marcou…

Sim,  o António Sérgio foi sempre uma referência,  não só pelo registo de voz como  pelo facto de  fazer o meu programa favorito .  Eu ofereci-me como voluntário para ser assistente dele. Não era sequer pago para isso, bastava ter a honra e a felicidade de estar ali perto  Uma verdadeira escola de vida e,  como digo,  foi talvez a minha salvação de, como puto adolescente parvinho,  me ter metido por caminhos perigosos.

O facto de teres  convivido com toda essa gente   alargou-te os horizontes e deu-te aquela dose extra de motivação para seguires o teu caminho  ?

Repara numa coisa, eu não pensava nisso nesses termos, julgava que aquilo era um sonho muito bom que a qualquer momento podia  acabar . Nunca considerei aquilo como uma forma de emprego . As coisas vieram ter comigo. Nessa altura surgiu a revista Super Som  e convidaram-me para fazer lá uma página a escrever sobre algumas bandas. As pessoas também me reconheciam algum talento no aspeto de que conhecia muita música e era um puto atento . Sabia que fulano de tal tinha estado naquela banda e depois deu o salto para a outra e coisas desse género. Eles às vezes até pensavam que eu inventava essas cenas.
Foi uma autêntica aventura.  Nem nos meus sonhos mais estapafúrdios eu alguma vez pensei  nisso. Isto não estava nos meus planos porque eu nem sequer tinha planos.  Eu cheguei a ser ajudante nas obras ,ajudante de eletricista e coisas desse género…

Não há volta a dar, parece mesmo que tinhas já tudo  planeado.
 É que a partir daí foi sempre a subir .  Fizeste parte daquela  fabulosa equipa que colocou a Rádio Energia no mapa .

Acho que em público nunca disse isto,  mas confesso que fiquei  triste quando vi  o Miguel  Quintão  e o Augusto Seabra abandonarem a Rádio Comercial depois de termos tido aquela aventura  do Rock em Stock  de 6 horas com o Luis Filipe Barros.
 Eles foram abrir efetivamente a Rádio Energia. Mas o Miguel  Quintão  sempre disse : “ Puto, tem calma,  mantém-te  firme que daqui a uns tempos nós conversamos”. A Rádio Energia, no início,  tinha um programa de heavy metal que,  na minha perspectiva,  era feito  de forma algo improvisada .
Um  ano depois da Energia estar no ar, vieram ter comigo com a proposta de eu  ser um dos produtores,  ou seja,  coordenar notícias,  fazer sons e coisas assim do género. A minha condição para ir para lá foi :  fazer a hora de Heavy Metal à noite. Para isso tiveram que afastar a pessoa que lá estava.  Pronto,  eu não queria que acontecesse nada de mal a essa pessoa mas… são vicissitudes da vida.

Foi nessa altura que  deste o verdadeiro salto…


Aí foi efectivamente a minha oportunidade de marcar um territoriozito… porque a rádio era local. Como eu tinha o background do Lança Chamas  pude designar um programa de 1 hora de metal diária , onde  incluía  todas as vertentes da sonoridade. Eu gosto  muito de Hard- Rock e Heavy Metal,  algumas coisas de Black Metal e de Grindcore,  mas acredito que do outro lado as pessoas também gostem de outras  coisas.  Portanto,  a minha obrigação era divulgar e mostrar… sempre foi essa a minha atitude desde o início do programa.

Tinhas liberdade para isso ?

Sempre me deram.   Havia muita gente que  dizia que eu era um vendido e que estava feito com as editoras. Quais editoras ? Era eu que ía ter com as editoras ,    “ Vocês já têm este álbum dos Fear Factory ? Isto é um som do caraças !”.  A resposta era sempre a mesma : “ Ó Freitas lá estás tú com as tuas coisas , a gente nem conhece isso…”.   Sempre foi assim percebes ? Era raro as editoras virem ter comigo . Mas tens aí aquela malta que pensa que é muito esperta e percebe muito das coisas: “ O gajo é um vendido, as editoras e o caraças… “.  Isso é o espírito mesquinho muito próprio português,  que também existe no estrangeiro, devo confessar.
A única liberdade que não tive foi nos horários…

A  chegada à televisão era inevitável e começou , creio eu, na SIC Radical...

Não sei se era inevitável, mas nessa altura já havia a curiosidade de  poder fazer um programa onde se mostrasse basicamente videoclips e se divulgasse as bandas.  A aventura deu-se , por acaso,  com alguma coisa que vinha a ouvir no carro agora mesmo : Slipknot.
Na Energia comecei a escrever para o Blitz. Tinha  lá as minhas entrevistas e aí realizei  uma ideia que tinha quando comecei a trabalhar na rádio que era poder entrevistar os artistas que faziam música. Uma  das coisas que me irritava solenemente,  era  ler revistas e jornais onde  tinhas criticas de um senhor qualquer   : “Isto é muito barulho, o Bon Scott tem uma voz de cana rachada,  blá, blá,  blá… “. Nunca ouvias a palavra dos próprios autores o que me deixava bastante frustrado. Uma coisa que eu consegui realizar graças ao poder  de estar associado  à rádio foi ter uma entrevista por semana num jornal como o Blitz. A partir daí as pessoas começaram a ter a noção do que é que eu fazia e surgiu um convite para ir ao Curto Circuito da SIC Radical ,  entrevistar,  precisamente,  os Slipknot.  Eles estavam assustadíssimos com a ideia de terem  lá aqueles  mascarados. Naquela altura a  imagem era  de facto intrigante para muita gente.

Depois deste episódio com os Slipknot surgiu mesmo um programa a sério… 


Essa aventura dos Slipknot foi o início. A  partir daí eles ficaram fascinados  pelo facto de eu estar à  vontade  a fazer as perguntas e a traduzir  quase em simultâneo.   E surgiu o convite : ” Ó Freitas que achas da ideia de vires cá uma vez por semana ?”.  A resposta só, podia ser uma : “Por mim,  à vontade…  vamos lá !”.  Após  algum tempo as pessoas começaram a sugerir que eu tivesse um magazine ,ou seja,   um programa à parte.
E  foi assim que, efectivamente,   acabou por surgir  o Hipertensão.

Depois tiveste uma colaboração com a revista  Loud. 

A Loud foi fundada  por mim. Primeiro,  abandonei o Blitz para  lançar a revista Riff que não correu muito bem porque  o dono não era assim muito a favor de gastar dinheiro e de pagar às pessoas .  As coisas acabaram por não funcionar.  Esse projeto acabou  e a mesma equipa fundou a Loud.   Era eu,  o José Rodrigues,  Nelson Santos  e o grandioso Emanuel Ferreira.  Ainda me lembro  de estar a dar o número  zero no espetáculo dos Korn  no Pavilhão  Atlântico. A  tirar as revistas do porta bagagens do meu carro para as oferecer. Foi  uma imagem brutal !



Os tempos mudaram, agora temos a  internet e basta  um clique  para a malta aceder  a tudo o que se vai fazendo. A rádio será engolida pelo sistema  ou terá o importante  papel de colocar alguma ordem na casa ?
Eu penso que na internet está tudo  misturado e torna-se difícil separar o trigo do joio…

Absolutamente, é precisamente essa a minha opinião
A imensidão da internet… aí é que está, os putos não conseguem, efectivamente,  saber tudo.
Eu, tal como tú,  já temos a experiência de termos acompanhado o nascimento de uma sonoridade , a evolução,  a derrocada,  o renascimento…   temos  a facilidade de encontrar o que é realmente  genuíno. 
A rádio continua a ser o fenómeno de comunicação mais imediato que tú podes ter. Atenção,   com as devidas distâncias,  porque se estás à espera da meia-noite para ouvir um programa,  obviamente,  hoje em dia, com a internet,  já conseguiste aceder a essa informação. De qualquer das formas,  a rádio será  sempre uma escola . Nos Estados Unidos   começaram a lançar novos grupos  em programas de televisão que tinham grande fama, deram várias voltas às coisas e , pelas próprias  palavras do influente produtor Rick Rubin, acabaram mais uma vez no sítio do costume, ou seja, na rádio… nos radio personalities. As pessoas identificam-se com o  Howard Stern, sabem o que é que ele gosta  e ouvem-no. Por aí , mais facilmente conseguem chegar às coisas. Por aqui o que é que eu posso oferecer ?  A minha experiência , o facto de ter já  conhecido muitos  artistas,  já topar alguns de ginjeira  e perceber quando é que eles estão a mentir ou a dizer verdade.  Percebes ?  Isso é coisa que na internet não consegues ter ,  muito menos as novas gerações,  porque  desta banda podem passar para aquela  e para a outra…

Como analisas o momento atual da cena metaleira  mundial  ? Por exemplo,  o caso da proliferação das Female Fronted  Bands.  Será apenas uma moda ou veio mesmo para ficar ?

Esse é  um movimento que já está em marcha e  não pode ser parado. É  como o Rock ‘n’Roll:  toda a gente dizia que   iria perder o interesse,  mas a verdade é que já existe desde o final dos anos 60 , proliferou  e continua por aí . Até mesmo quando andaram  a declarar que  o Punk estava  morto.  Não está nada morto ! Tú vais ter as novas gerações que ficam fascinadas  por uma banda que ouvem…   vão querer imitar e depois  ganham a sua própria personalidade.   O efeito é perpétuo. O fenómeno das Female Fronted  Bands surgiu com uma onda mais  gótica com o sucesso dos Nightwish e  Within Temptation . Por aí se começa a evoluír.  Depois tens  case studies como o caso dos Arch Enemy,  que têm uma senhora a vociferar e com uma  voz mais ameaçadora  que muitos homens que andam por aí em  certas bandas .


Com toda  bagagem que adquiriste ao longo do tempo,  será que ainda existem bandas que te chamem a atenção ? 
Cada vez que encontro o meu amigo Billy Gould dos Faith No More  digo-lhe  sempre  “Já está tudo inventado man “ ele fica logo irritado “ Não está nada , não sejas assim,  é mentira,   há milhões de combinações de acordes e não sei quê”, eu respondo “ Não me lixes,   diz-me lá uma coisa nova que tenha aparecido” e  o gajo cala-se…   estamos sempre nessa conversa . Sou apologista de que,  realmente,   é cada vez mais difícil construíres uma personalidade . É  isso que eu digo às bandas que entrevisto  : “Vocês têm que ser vocês mesmos,  têm que ter um vocalista que se distinga  e que não seja igual a todos os  outros que já existem. Têm que  fazer qualquer coisa com o vosso cunho”.   Isso leva tempo , obviamente é necessário  evoluír para chegar a esse estado.
Sinceramente há algumas bandas que até me impressionam, por exemplo,   tens muitos talentos novos e  bastante  interessantes a surgir na onda do Metal Progressivo. São bandas que fazem um álbum  muito interessante e ficam  por ali,  não te surpreendem muto mais. Eu sou um gajo que não  estou naquela onda , “ Eu já sei tudo, ninguém me consegue impressionar”, não man, eu passo horas e horas à frente do computador a  descobrir musica,  a ouvir música e quero sentir-me arrebatado,  percebes ?  Vejo coisas bem feitinhas dentro de uma certa onda  e percebo,  “ isto tem influencias  dos Arch Enemy com um cruzamento de Trivium e uma pitada de Metallica,  pronto, ok,  mas vamos lá ver  o que esta banda vai dar”.
Ainda recentemente,  a Roadrunner tentou impingir a ideia de uma banda que são os King 810.  Os gajos dizem “ aqui estão  os novos Slipknot” , tú ouves  e…  pronto, o  vocalista é  meio marado do juízo mas aquilo é quase uma cópia dos American Head Charge  que surgiram  nos anos 90,  gravaram  um álbum que eu gosto muito,  mas depois ficaram no nada.  A última banda que eu achei interessante  foram os Five Finger Death Punch. É numa  onda Pantera , têm aquela  garra porreira, sabem fazer cenas com ritmo e o vocalista também é um grande marado. 

 Outra banda que eu me orgulho imenso de ter estreado em Portugal  foram  os System  Of A Down.  Nunca se ouviu um som daqueles. Aquilo é uma mistura de Frank Zappa com influências arménias  e Metal…  sei lá, aquilo é uma coisa poderosíssima.  Estou sempre à espera  que apareça  qualquer coisa dentro desses moldes e que  arrebate uma pessoa . Agora tens putos com 17 anos a tocar guitarra como o Steve Vai .  São muito bons executantes e parecem  máquinas a debitar e a fazer shredding . Mas depois falta o feeling, falta a personalidade. Ouves aquilo e dizes  : “ Isto em termos matemáticos é muito bom mas… não há carne, não há sumo”.